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25 de Abril de 2024

Plebiscito do Reino Unido renova esperanças de grupos separatistas no Brasil

Organizações em São Paulo, no Nordeste e no Rio Grande do Sul se inspiram no 'Brexit' para lançar 'Sampadeus' e 'Nordexit'.

há 8 anos

A população do Reino Unido (formado pela Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) decidiu na última quinta-feira (23) deixar o bloco da União Europeia. Após o resultado do plebiscito histórico, frentes separatistas ganharam força na própria Escócia, na Catalunha e até mesmo no Brasil.

Apesar de menos organizados e com apelo muito aquém dos movimentos escoceses e catalães, grupos brasileiros já começaram a lançar campanhas inspiradas no Brexit – expressão surgida da união das palavras "britain" (Grã-Bretanha) e "exit" (saída) –, como o "Sampadeus" e o "Nordexit".

A primeira campanha é encabeçada pelo Movimento São Paulo Livre, organização surgida em 2014 que defende a independência paulista. O grupo, que conta com o apoio de cerca de 10 mil pessoas segundo os organizadores, planeja realizar um plebiscito consultivo em diversas cidades do Estado em outubro para apresentar a proposta e buscar apoio para o "Sampadeus".

"A consulta deve servir de termômetro para vermos qual a porcentagem da população paulista que quer efetivamente a independência", afirma o presidente do Movimento São Paulo Livre, o microempresário Flavio Rebello.

Rebello enxerga semelhanças entre a consulta popular realizada na Grã-Bretanha e o que poderia ocorrer em São Paulo caso a proposta de seu grupo ganhe maior apoio.

"Houve uma discussão no Reino Unido que terminou com a vitória de um poder local sobre um poder maior, regional. A Inglaterra se sentiu tolida de tomar decisões econômicas e políticas, e isso gerou esse sentimento. Acho que é um paralelo que pode ser feito com a atual situação de São Paulo."

A proposta de transformar o Estado de São Paulo em um território independente se baseia nas ideias de que o território paulista teve uma "história colonial" e de desenvolvimento econômico diferente do restante do Brasil. Segundo Rebello, São Paulo também é "injustiçado" na condição de unidade federativa pois arrecada muitos impostos para o governo federal e recebe poucos investimentos em troca.

"Não temos nada contra o Brasil. Quando houver a independência, eles serão nossos irmãos do norte" , afirma o presidente da organização. "São Paulo tem um litoral grande, um porto moderno e um parque industrial diversificado. O destino econômico de São Paulo seria virar uma Coreia do Sul", projeta.

Sul e Nordeste

Um dos primeiros e mais barulhentos movimentos separatistas do Brasil (no período pós-Constituição de 1988) surgiu no Rio Grande do Sul, em 1990. O Movimento Pela Independência do Pampa, que reclama a existência da República Rio-Grandense, chegou a elaborar um abaixo-assinado com cerca de um milhão de assinaturas em 1993 – conforme informa a própria organização em seu site. O documento visava convocar um plebiscito para decidir sobre a independência gaúcha, mas o grupo entrou na mira da Justiça brasileira e o abaixo-assinado não vingou.

Na outra extremidade do mapa brasileiro, o Movimento Nordeste Livre hasteia a bandeira de construir a "autodeterminação do povo nordestino", o que estaria garantido pela Constituição brasileira na leitura feita pelos integrantes da organização. O grupo defende a convocação de um referendo plebiscitário "para uma nova divisão administrativa, política e territorial para a região Nordeste".

Logo após a divulgação do resultado do plebiscito britânico, alguns internautas passaram a ventilar a ideia do "Nordexit" na página do Movimento Nordeste Livre no Facebook, que conta com mais de 3 mil fãs.

Apesar de esses grupos alegarem que suas iniciativas são legais, o advogado especializado em direito constitucional Bruno Guilherme Fonseca, autor do artigo "O Direito Internacional e os Movimentos Separatistas", garante que ações que visam desmembrar o País são "totalmente ilegítimas".

"A Constituição brasileira possui algumas cláusulas pétreas, entre elas a que versa sobre a própria divisão federativa dos Estados e que prega o princípio maior da unidade nacional. Existe uma corrente de equiparar o Brasil a outros panoramas (como o do Reino Unido), mas o Brasil é um país muito sui generis nesse sentido", explica Fonseca.

A despeito da opinião do advogado, o presidente do Movimento São Paulo Livre prega o discurso de que o avanço da proposta seria bom para paulistas e brasileiros (com o perdão da distinção).

"Nós temos fé no Brasil. A saída de São Paulo, a curtíssimo prazo, não seria boa. Mas a médio e longo prazo, vai fazer maravilhas porque o Brasil vai ter que se profissionalizar em gerir o próprio dinheiro. E uma São Paulo forte e exportando bastante vai ter dinheiro suficiente para investir no Brasil, como a Alemanha fez ao investir em outros países na Europa", diz Rebello.

Reportagem Original - Por Nicolas Iory - iG São Paulo | 29/06/2016 06:00


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38 Comentários

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Convoca se uma nova assembléia constituinte e deixa de lado essa tal clausula pétrea, a República Federativa não tá com nada passamos para República dos Estados Unidos do Brasil como era antigamente, que seja igual aos EUA, estados independentes com um orgão central mas não com tanto poder igual essa porcaria de União. continuar lendo

Amigo com todo respeito, mas isso que citou é sem dúvidas o momento mais vergonhoso da História deste país, depois de um Golpe que nos transformou em república você defende que o Brasil passe a ser chamado pelo ridículo nome de Estados Unidos do Brasil? E onde você viu que nesse período os Estados possuíam autonomia como os Estados do EUA? Aquilo nada foi se não uma forma absurda e imitar os EUA na ilegítima República que estava surgindo, sem contar as duas ditaduras dos Marechais, Deodoro e Floriano e em seguida a República do Café com Leite, sem mais. continuar lendo

É Marcos, você tem a sua opinião e eu a minha, fique com a Republica. continuar lendo

Sou do Norte e apóio que o Sul-Sudeste se separem pois não é justo sustentarem o resto do país. E não deveria haver violência para isso, já passa da hora dessas separacões serem feitas civilizadamente através de votacão dos cidadãos da área que quer se separar, se for aprovada a separacão, que haja um processo tranquilo com tempo hábil para adaptacões necessárias. continuar lendo

Não sustentamos o resto do país que trabalha.
Sustentamos uma corja de políticos corruptos. continuar lendo

Também concordo com vc Dóris. E mesmo no nosso caso, poderíamos tornarmos que um outro país. O Norte nada tem a vê com o resto do Brasil, assim como o sul-sudeste idem. continuar lendo

"Cinco concentram 65,6%
As informações do IBGE apontam ainda que a concentração continua elevada no Brasil: mesmo perdendo espaço, São Paulo concentra 32,1% do PIB, outros quatro estados (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul) somam 33,5% e as demais 22 unidades da federação, 34,4%. Os cinco primeiros respondiam por 65,6% do total em 2013, ante 65,9% em 2010."
http://www.redebrasilatual.com.br/economia/2015/11/sudesteesao-paulo-perdem-espaco-no-pib-brasileiro-977.html continuar lendo

Roberto, e Norte e Nordeste elegem governos como Lula e Dilma. continuar lendo

Esperança do que? o País esta falido, inclusive o Estado farrapos, (onde eu moro) está com o pires na mão .... continuar lendo

A estar certo o que vai nos links abaixo, realmente dá para entender o motivo de alguns estados quererem separação (embora seja compreensível, acho que é ilegal).

Oras, vemos estados arrecadando para que o governo federal faça populismo barato para outros Estados. O princípio da eficiência e eficácia da administração pública não é, nem de longe respeitada. Pegue a última década e veja se isto ajudou os estados a melhorar? A resposta é muito clara: Não ajudou nem um pouco, apenas fez com que as pessoas sentissem que trabalham para os outros não trabalharem.

Acre recebeu R$ 3.862 bilhões, mas arrecadou R$ 1.131 bilhões.
Alagoas recebeu R$ 8.871 bilhões, mas arrecadou R$ 3.583 bilhões.

São Paulo recebeu R$ 39.351 bilhões, mas arrecadou R$ 491.149 bilhões
Rio de Janeiro recebeu R$ 24.032 bilhões, mas arrecadou R$ 184.662 bilhões

http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/arrecadacao/arrecadacao-por-estado/arrecadacao-uf-2015

http://transparencia.gov.br/PortalTransparenciaListaUFs.asp?Exercicio=2015 continuar lendo

Se o continente chamado Brasil se dividisse em 04 países, podem apostar que teriamos cada um deles com muito mais condições de garantir a igualdade social tão almejada.
teriamos menos corrupção, e poder de proporcionar a seus cidadãos melhores condições de vida.No outrora gigante URSS aconteceu isso, a europa de pós guerra também dividiu-se e hoje convivem muito bem, por que não podemos?
É algo para se pensar com calma e sabedoria, sem brigas regionais mas olhando-se pelo lado prático. continuar lendo